Ultimamente tenho-me cruzado muito com fotos, notícias ou o livro do Paulo S. Costa, que perdeu o seu filho, vítima de uma leucemia fulminante...e tenho ficado a pensar muito nele, no seu filho e em tudo o que lhes aconteceu.
Já dei por mim a olhar para a minha filha (que tem a mesma idade que o filho do Paulo C. teria) a dormir pacificamente na sua cama e a imaginar a dor que se sente, quando se vê um filho deitado numa cama, doente, a sofrer, a lutar pela vida e a, infelizmente, não conseguir vencer a luta. Chego a sentir dor fisica só de imaginar esta situação e penso que, não sei se sobreviveria...tal como acho que este pai não sobreviveu...
Quando vejo as fotos dele, com o filho e depois vejo as fotos dele agora, consigo perceber que, ele, de facto, não sobreviveu a esta tragédia...pode até estar a sorrir com a boca, mas os seus olhos estão tristes, sem vida. E mesmo nas fotos do Baby Shower, que tiveram para a filha (que está quase a nascer), nota-se isto mesmo...ele sorri, mas não está lá, não está completamente feliz..e pergunto-me: Será que estará algum dia?, será que a filha, que aí vem, vai conseguir recuperar/ ressuscitar este pai?, que sorri, mas cujos olhos não têm vida, tal como o seu filho? Espero bem que sim, que consiga, tal como no seu livro, Não Desistir de viver, de ser feliz, para, quem sabe um dia, voltar a estar com o seu amado filho, num lugar melhor, mais feliz...
Admiro a coragem deste pai, que tenta superar a dor, ou falando em palestras, ou escrevendo livros, ou produzindo peças de teatro, e que vai sobrevivendo, inspirando e expirando ar, o mesmo que ar que me falta só de pensar/ imaginar que uma coisa destas pode acontecer a qualquer um dos meus filhos.
Os filhos são de facto a melhor parte de nós, são o coração e a cabeça, e quando um deles desaparece, parte do nosso coração e do nosso cérebro parte com eles e (acho eu) não regressa mais. Quem consegue viver sem metade ou a totalidade do seu coração e do seu cérebro, ninguém. Ficamos vegetais.
Só espero NUNCA ter de passar por algo semelhante, pois tenho a certeza que, tal como o Paulo S.C., talvez possa voltar a sorrir, mas nunca mais os meus olhos terão vida.
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